Especialistas alertam para os riscos de medicalizar estados emocionais naturais e ignorar os chamados profundos da alma
- simbolosdaalma
- 23 de jul.
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Especialistas alertam para os riscos de medicalizar estados emocionais naturais e ignorar os chamados profundos da alma

Na correria dos dias, no excesso de estímulos, notificações e exigências, é comum que o cansaço da alma seja confundido com transtorno mental. Sentir-se esgotado, sem vontade de falar, com a energia voltada para dentro, muitas vezes é interpretado como sinal de depressão. Mas, do ponto de vista da psicologia analítica, nem todo recolhimento é patológico. Às vezes, é apenas a psique pedindo silêncio.
Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e pai da psicologia analítica, defendia que momentos de recolhimento são essenciais para o amadurecimento psíquico. “O que não enfrentamos em nosso interior, encontraremos como destino”, afirmou. Silenciar o mundo externo pode ser uma forma da alma anunciar que precisa ser ouvida.
Na tentativa de responder às pressões do cotidiano, muitas pessoas buscam rapidamente diagnósticos, rótulos e medicações. Mas o que parece uma depressão pode ser um estado necessário de pausa, introspecção ou transição. Uma espécie de hibernação emocional onde a alma se reorganiza.
“É importante diferenciar sofrimento psíquico de transtorno mental. Nem todo sofrimento é doença”, explica a psicóloga junguiana Lúcia Helena Andrade. “Às vezes, o sujeito precisa parar. Precisa se recolher para escutar algo que, até então, vinha sendo abafado pelo barulho da rotina.”
Na era da produtividade, até a tristeza precisa justificar sua existência. Mas a alma não opera por lógica capitalista. O que ela deseja, muitas vezes, é o oposto: parar, calar, sentir, elaborar. O perigo está em patologizar tudo — e, com isso, silenciar ainda mais o que já estava gritando de maneira simbólica.
Isso não significa, claro, desconsiderar os quadros clínicos de depressão, que são sérios e exigem atenção especializada. Mas é preciso espaço para nuance. Nem sempre a resposta está no diagnóstico.
Muitas vezes, ela está no silêncio, na escuta simbólica e na coragem de não fugir do vazio.
A psique, como a natureza, tem seus ciclos. E há invernos internos que não precisam de remédio, mas de tempo. Nem tudo é depressão — às vezes, é a alma dizendo: “me escute, me sinta, me deixe respirar”.











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